Entendendo a atualização de dados do Global Forest Watch 2021

28 Abr 2022||7 minutos
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Amazon – Brazil, 2011.©Neil Palmer/CIAT

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Novos dados da Universidade de Maryland (UMD) mostram taxas altas e persistentes de perda de florestas primárias em 2021. O que os dados medem, o que há de diferente este ano e como eles se comparam a outras estimativas oficiais de desmatamento? Aqui o que você precisa saber sobre os novos dados. 

Por que medimos a perda de cobertura arbórea e como ela pode ter diferentes impactos em florestas boreais, tropicais e temperadas 

A perda de cobertura arbórea é definida como a remoção da cobertura arbórea por qualquer motivo, podendo ser permanente ou temporária. Por outro lado, o desmatamento refere-se apenas à mudança permanente do uso da terra. (Leia mais aqui sobre o que está – e o que não está – incluso quando discutimos a perda de cobertura arbórea). Os dados da UMD medem a perda de todas as árvores com altura superior a cinco metros, o que pode incluir a perda em florestas primárias e a recuperação de florestas secundárias e a colheita em plantações de árvores estabelecidas. 

Ao analisar os dados, nos concentramos principalmente em florestas primárias tropicais úmidas, áreas de floresta tropical madura que têm alto valor de carbono e biodiversidade que levam décadas para se recuperar após uma perda. As florestas tropicais sofrem a maior parte do desmatamento, enquanto a perda nas florestas boreais e temperadas é principalmente temporária – causada por incêndios florestais e manejo florestal para madeira. Concentrar grande parte de nossa análise na perda de florestas primárias tropicais nos permite desviar nosso foco dessa perda temporária. No entanto, este ano também encontramos tendências notáveis nas florestas boreais que valem a pena explorar. Os incêndios florestais são uma parte natural dos ecossistemas boreais, mas os incêndios frequentes e mais intensos e as perdas causadas por danos causados por insetos são cada vez mais comuns e estão ligados a condições mais quentes e secas devido às mudanças climáticas.  

Mas olhar apenas para os dados de perda de cobertura arbórea não nos diz o motivo subjacente da perda. Dados adicionais sobre fatores, desmatamento relacionado a commodities e agora incêndios nos dizem mais sobre as causas da perda

Pela primeira vez, podemos avaliar padrões detalhados sobre perda de cobertura arbórea devido a incêndios 

Novos dados da UMD atribuem a probabilidade de perda devido a incêndio para cada pixel de perda de cobertura arbórea de 30 metros, dividindo os dados em perda devido a incêndio e perda devido a outros fatores, como agricultura ou extração de madeira. Os novos dados de perda de cobertura arbórea devido a incêndios incluem incêndios naturais ou provocados pelo homem que resultam em perda direta de cobertura de copa das árvores. Os dados capturam incêndios florestais, incêndios usados para limpar a terra para outro uso e incêndios intencionais que resultam em perda de cobertura arbórea (incluindo incêndios escapados iniciados por humanos para fins relacionados à agricultura, à caça, à recreação ou a incêndio criminoso). No entanto, os casos em que as árvores são derrubadas e posteriormente queimadas não são incluídos, uma vez que o fator inicial de perda é a remoção mecânica. 

Esses dados nos permitem entender melhor como incêndios impactaram os dados de perda de 2021. Em alguns lugares, a variação interanual das perdas causadas por incêndios pode obscurecer a tendência de longo prazo do desmatamento permanente. Por exemplo, ao analisar todas as perdas florestais primárias no Brasil, há uma tendência de queda de 2020 a 2021. Mas 2020 foi um ano ativo de incêndios no Brasil, e quando separamos as perdas por incêndio de outras perdas, vemos que houve realmente um aumento nas perdas não relacionadas a incêndios de 2020 para 2021. Isso corresponde aos dados oficiais do Brasil – leia mais abaixo sobre como identificar perdas devido a incêndios nos ajuda a comparar melhor os dois conjuntos de dados.  

Embora os incêndios muitas vezes não resultem em uma mudança permanente no uso da terra, eles ainda são uma importante fonte de emissões de carbono e podem levar a ciclos de retroalimentação de emissões crescentes, florestas mais secas e mais incêndios.  

Estamos só arranhando a superfície dos insights desse importante conjunto de dados. O conjunto de dados completo e mais informações serão divulgados no GFW nos próximos meses.  

Os dados da UMD refletem as estimativas oficiais de desmatamento do Brasil 

O PRODES – o sistema oficial de monitoramento florestal do governo brasileiro para a Amazônia – e os dados da UMD têm diferenças metodológicas e de definição que são importantes para entender ao comparar essas duas fontes de dados. O PRODES mede o desmatamento de corte raso maior que 6,25 hectares, enquanto a UMD captura perdas maiores que 0,09 hectares de todas as árvores com altura superior a cinco metros. Ambas são medidas importantes que nos ajudam a entender como as florestas estão mudando, uma vez que o desmatamento, as queimadas e pequenos distúrbios no dossel florestal podem levar a impactos no clima, na biodiversidade e nos serviços do ecossistema. 

Anteriormente, também examinamos as diferenças entre dados oficiais e da UMD sobre desmatamento da Indonésia. Os dados oficiais para 2021 não estavam disponíveis no momento desta publicação, mas comparações anteriores podem ser encontradas aqui.  

À primeira vista, os dados do PRODES e da UMD parecem mostrar tendências diferentes para 2021: o PRODES mostra um aumento de 22% na perda de floresta durante o último período do relatório (agosto de 2020 a julho de 2021), enquanto a UMD mostra uma redução de 6% na perda de floresta primária na Amazônia de janeiro a dezembro de 2021. No entanto, os novos dados de incêndio nos permitem filtrar as perdas por incêndio do conjunto de dados da UMD, permitindo uma comparação mais justa desses dois conjuntos de dados. Isso resulta em estimativas mais comparáveis das tendências de perda florestal ao longo do tempo, mostrando tendências convergentes e extensão semelhante de perda nos dois conjuntos de dados. Para 2021, os dados da UMD mostram um aumento de 10% na perda de floresta primária não causada pelo fogo na Amazônia, muito mais próximo dos 22% do PRODES. Além disso, o aumento na perda nos dados da UMD para 2016 e 2017 pode ser atribuído em grande parte a incêndios no sub-bosque e desaparece quando se consideram apenas as perdas não relacionadas a incêndios.  

Dados do PRODES vs. UMD sobre a Amazônia Brasileira 

Melhorias de dados ao longo do tempo resultam em inconsistências nos dados antes de 2015  

Ajustes de algoritmo e melhores dados de satélite melhoraram o conjunto de dados de perda de cobertura arbórea ao longo do tempo. Mudanças no algoritmo de detecção de perda de cobertura arbórea para os anos de 2011 a 2014 e 2015 em diante e a incorporação de dados do Landsat 8 a partir de 2013 facilitam a detecção de mudanças de menor escala, como perdas devido a incêndios, corte seletivo e agricultura itinerante. As variações na disponibilidade de imagens de satélite também significam que há inconsistências com a qualidade e o número de imagens disponíveis para capturar dados a cada ano. Nuvens e fumaça de incêndios também podem atrasar a detecção de perda de cobertura arbórea, o que pode resultar na perda de cobertura arbórea sendo detectada em um ano após a ocorrência.  

Para abordar esses problemas, nós:  

  • concentramos nossa análise em tendências após 2015 
  • sempre avaliamos a média móvel de três anos 
  • somos especialmente cuidadosos em locais dominados pela agricultura de pequena escala, onde as melhorias de dados são particularmente visíveis, como a África Central  

Mais melhorias de dados estão em andamento que aplicarão um algoritmo consistente em todos os anos para os quais temos dados e nos ajudarão a avaliar tendências de longo prazo nos dados. 

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