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Explicação dos dados do Global Forest Watch sobre a perda de cobertura arbórea de 2023
Aerial footage of palm oil and the forest in Sentabai Village, West Kalimantan, 2017.
-Nanang Sujana/CIFOR
Novos dados de perda de cobertura arbórea do GLAD Lab da University of Maryland (UMD) e disponíveis na plataforma Global Forest Watch (GFW) mostram uma redução na perda de floresta primária em alguns países, mas uma taxa geral persistente em 2023. O que os dados medem, o que há de diferente este ano e como eles se comparam a outras estimativas oficiais de desmatamento? Aqui está o que você precisa saber sobre os novos dados.
O que a perda de cobertura arbórea mede e como ela difere do desmatamento
Os dados de perda de cobertura arbórea da UMD capturam a perda anual de todas as árvores com mais de cinco metros de altura entre os anos de 2001 e 2023. Os dados sobre perda de cobertura arbórea incluem a perda de árvores em florestas naturais, bem como em plantações e cultivo arbóreo (embora seja importante notar que os dados sobre florestas que usamos para filtrar a perda nos trópicos excluem plantações, cultivos de árvores e florestas em regeneração). A perda dessa cobertura pode ser devido a causas humanas ou naturais, permanente ou temporária.
O desmatamento difere por se referir apenas a uma mudança permanente e causada pelo homem, partindo do estado de floresta para outros usos da terra. Algumas formas de perda de cobertura arbórea, como a conversão de uma floresta natural em terras agrícolas, são consideradas desmatamento, enquanto outras formas, como a extração de madeira em florestas plantadas ou distúrbios naturais, não são. Leia mais sobre as diferenças aqui. A perda de cobertura arbórea, seja desmatamento ou não, pode ser legal ou ilegal.
Em alguns casos, como no Targets Tracker de Desmatamento e Restauração no Global Forest Review, usamos um indicador para desmatamento. Esse indicador inclui as perdas que são de agricultura de pequena escala em florestas tropicais primárias úmidas e todo desmatamento e urbanização impulsionados por commodities (dentro e fora de florestas tropicais primárias úmidas). Perdas temporárias, como as decorrentes de incêndios ou atividades florestais, não foram incluídas. Não usamos esse indicador de desmatamento em todos os nossos relatórios porque é baseado em dados de baixa resolução que são concebidos para limitar a inclusão de perdas temporárias ou perdas em florestas plantadas apenas em escala global. O desmatamento continua a ser difícil de rastrear com conjuntos de dados consistentes globalmente e há atrasos inerentes para confirmar se as perdas detectadas em imagens de satélite são temporárias ou permanentes.
Melhorias de dados ao longo do tempo resultam em algumas inconsistências na série temporal de dados
Ajustes de algoritmo e melhores dados de satélite melhoraram o conjunto de dados de perda de cobertura arbórea ao longo do tempo.
Este ano, o algoritmo de detecção de perda usado pela University of Maryland para criar o conjunto de dados de perda de cobertura arbórea foi suplementado pelas informações do conjunto de dados de alteração do solo do DIST-ALERT. Mudanças da última estação às vezes são perdidas nos dados de perda de cobertura arbórea devido a dados de satélite insuficientes e cobertura de nuvens e são atribuídos ao ano seguinte. O DIST-ALERT mostrou fragmentos de perda de cobertura arbórea que originalmente foram omitidos pelos dados de perda de cobertura arbórea e incluídos para 2023 e esses foram revisados manualmente e incluídos em 2023.
Utilizar o DIST-ALERT ajudou especialmente a detectar a perda por queimadas da última estação em florestas boreais e desmatamento da última estação nos trópicos que de outro modo apareceriam nos dados de 2024. Os dados do DIST-ALERT também ajudaram a detectar parte da perda de cobertura arbórea devido à inundação e mineração. O uso de alertas resultou em um aumento de 3,7% em perda de cobertura arbórea detectada. A maioria das mudanças afetou as regiões boreais, embora para o restante do globo, o aumento foi de apenas 1,7%. É importante observar que, como a maioria das áreas adicionadas teria sido detectada em 2024 de outra forma, não acreditamos que essa mudança na abordagem de mapeamento em 2023 terá algum impacto nas tendências de longo prazo nos dados.
Mudanças adicionais para a série temporal inclui ajustes no algoritmo para os anos de 2011 a 2014 e a partir de 2015, bem como a incorporação de dados do Landsat 8 com início em 2013. Essas alterações facilitam a detecção de mudanças em escalas maiores, como a perda devido a incêndios, exploração madeireira seletiva e agricultura de rotação. Variações na disponibilidade de imagens por satélite também significam que há inconsistências na qualidade e no número de imagens disponíveis para capturar dados a cada ano.
Para resolver essas inconsistências, nós:
- concentramos nossa análise em tendências após 2015;
- avaliamos a média móvel de três anos para interpretar as tendências de longo prazo; e
- desconsideramos o aumento da perda após 2012 em locais dominados pela agricultura de pequena escala, como a África Central.
O que a perda de cobertura arbórea devido a incêndio capta?
Os dados de perda de cobertura arbórea devido a incêndio da UMD nos permitem distinguir de outras mudanças na cobertura florestal ao atribuir a probabilidade de perda devido a incêndio para cada pixel de perda de cobertura arbórea de 30 metros, dividindo os dados em perda devido a incêndio e perda devido a outros fatores, como agricultura ou extração de madeira. Esses dados incluem incêndios naturais ou provocados pelo homem que resultam em perda direta de cobertura de copa das árvores. Os dados capturam incêndios florestais, incêndios usados para limpar a terra para outro uso e incêndios intencionais que resultam em perda de cobertura arbórea (incluindo incêndios escapados iniciados por humanos para fins relacionados à agricultura, caça, recreação ou incêndio criminoso). No entanto, os casos em que as árvores são derrubadas e posteriormente queimadas não são incluídos, uma vez que o fator inicial de perda é a remoção mecânica.
Esses dados nos permitem entender melhor como incêndios afetaram a perda de cobertura arbórea em 2023. Por exemplo, incêndios desempenharam papéis especialmente grandes na Bolívia e Canadá. Saiba mais sobre nossas descobertas a partir dos dados de 2023 aqui.
Embora os incêndios muitas vezes não resultem em uma mudança permanente no uso da terra, eles ainda são uma importante fonte de emissões de carbono e podem levar a ciclos de retroalimentação de emissões crescentes, temperaturas mais quentes, florestas mais secas e mais incêndios.
Por que nos concentramos nos trópicos?
Na análise dos dados da UMD, nós nos concentramos principalmente na perda de cobertura arbórea em florestas primárias tropicais, pois as florestas tropicais sofrem a grande maioria (mais de 96%) do desmatamento mundial, e a perda nessas áreas tem impactos enormes sobre a biodiversidade e o armazenamento de carbono. Mesmo que essas perdas acabem sendo revertidas, levará décadas para que esses habitats e estoques de carbono se recuperem, e poderá ocorrer uma perda permanente de biodiversidade.
Como a perda de cobertura arbórea se compara aos dados nacionais oficiais no Brasil e na Indonésia?
Brasil
O PRODES – o sistema oficial de monitoramento florestal para a Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) – e os dados da UMD têm diferenças metodológicas e de definição que são importantes de serem compreendidas ao comparar essas duas fontes de dados. O PRODES mede o desmatamento nítido e as perdas florestais antropogênicas por incêndio maiores que 6,25 hectares, enquanto a UMD captura perdas maiores que 0,09 hectare de todas as árvores com altura superior a cinco metros. Ambas são medidas importantes que nos ajudam a entender como as florestas estão mudando, uma vez que o desmatamento, as queimadas e pequenos distúrbios no dossel florestal podem levar a impactos no clima, na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos.
Os sistemas mostram uma tendência de queda na perda para 2023. Uma diminuição de 22% para o PRODES e 39% para a UMD (42% de redução para a perda não relacionada a incêndios) no bioma da Amazônia, confirmando as notícias positivas para a Amazônia.
Dados do PRODES vs. UMD sobre a Amazônia brasileira
Indonésia
A sobreposição dos dados de perda de floresta primária da UMD/GFW de 2023 com o mapa oficial de cobertura terrestre da Indonésia do Ministério do Meio Ambiente e Florestas (Ministry of Environment and Forestry, MoEF) mostra que 70% ocorreu em classes oficiais de cobertura florestal da Indonésia, com os restantes 30% ocorrendo em áreas de agricultura em terras secas mistas, matagais, arbustos de pântanos e outros tipos de cobertura do solo. Cerca de 144 mil hectares de perda revelaram ser tanto classes oficiais de cobertura florestal da Indonésia quanto ter um tamanho de fragmento maior do que dois hectares. Dos 144 mil hectares, cerca de 15 mil hectares estavam em áreas legalmente classificadas como floresta primária na Indonésia.
Classe do MoEF | Porcentagem de perda florestal primária de 2023 da UMD/GFW |
Floresta primária | 9% |
Floresta secundária | 60% |
Floresta plantada | 1% |
Não florestal | 30% |
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